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EUA cancelam mais de 300 vistos de estudantes que participaram de protestos anti-Israel

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A detenção da estudante turca Rumeysa Ozturk, 30, que reforçou atos pró-Palestina em uma universidade dos Estados Unidos, motivou novos protestos, agora contra o governo de Donald Trump. Esse movimento, entretanto, não impediu o secretário de Estado, Marco Rubio, de anunciar nesta quinta-feira (27) o cancelamento dos vistos de aproximadamente 300 manifestantes, aos quais chamou de lunáticos.

 

Com a documentação em dia, de acordo com seus advogados, a muçulmana Ozturk estava inscrita no programa de pós-graduação da Universidade Tufts, em Massachussets, e foi levada por agentes na terça (25). Os motivos da detenção continuam nebulosos, mas seus colegas dizem que podem ter tido relação com um artigo escrito por ela para o jornal estudantil sobre o conflito entre Israel e Hamas.

Questionado sobre o caso nesta quinta, Rubio foi evasivo. Sem explicar quais são as acusações contra Ozturk, ele se limitou a dizer mais ações do tipo estão em curso. “Toda vez que encontro um desses lunáticos, eu tiro os seus vistos”, afirmou ele, que confirmou a revogação do visto da aluna turca e de centenas de outros. “Procuramos todos os dias por esses lunáticos que estão destruindo as coisas.”

Em outras ocasiões o secretário de Estado prometeu revogar o visto de alunos que participaram de atos de vandalismo, violência ou que “criaram tumultos”. Mas Rubio não disse se Ozturk esteve envolvida em alguma dessas ações. Também não explicou quem são os 300 estudantes que já teriam sido punidos.

Os advogados da aluna turca entraram com uma ação argumentando que a detenção é ilegal, uma vez que ela não foi acusada de nenhum crime. Ainda na noite de terça, um juiz federal emitiu uma ordem impedindo a retirada da estudante de Massachusetts sem aviso prévio de 48 horas. Mas o Departamento de Justiça informou nesta quinta que, antes da determinação vir a público, ela já havia sido levada para o estado de Louisiana, onde os tribunais têm sido menos acolhedores aos migrantes.

O paradeiro exato de Ozturk ainda é desconhecido, contudo. Grupos que atuam com direitos humanos acreditam que ela esteja no mesmo centro de detenção para onde foram levados outros manifestantes estrangeiros, caso de Mahmoud Khalil, recém-formado pela Universidade Columbia e líder de atos pró-Palestina no campus. O local fica na cidade de Jena.

Críticos dizem que essas operações representam um ataque à liberdade de expressão. O governo Trump, por sua vez, afirma coibir manifestações antissemitas que poderiam prejudicar a política externa dos EUA.

Ozturk estava saindo para quebrar seu jejum de Ramadã com amigos quando foi detida por agentes do Departamento de Segurança Interna perto de seu apartamento em Somerville, O reitor da Tufts se disse surpreso e afirmou que a ação provocaria angústia na comunidade internacional da instituição.

À revista Newsweek uma colega de Ozturk a descreveu como pacífica e disse que a detenção “não faz sentido algum”. Uma professora da Universidade Istanbul Sehir, instituição no qual a aluna turca fez a graduação, por sua vez, disse ao jornal The New York Times que ela tinha bom relacionamento com os outros estudantes e não possuía perfil do tipo ativista ou líder política.

No artigo para a publicação estudantil, a aluna defendeu o reconhecimento de que há um “genocídio palestino” em curso e o corte do financiamento de empresas ligadas a Israel. “Parece que a única coisa pela qual ela está sendo alvo é por seu direito à liberdade de expressão”, disse Mahsa Khanbaba, uma das advogadas.

Fonte: Noticias ao Minuto Read More

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