Tecnologia

Starship parte em seu oitavo voo de teste, e SpaceX recupera primeiro estágio

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O superfoguete Starship voltou a voar nesta quinta-feira (6). A decolagem aconteceu no início da janela de oportunidade que se abriu às 20h30 em Starbase, instalação da SpaceX nos arredores de Boca Chica, no Texas. Os 33 motores do primeiro estágio se acionaram e, mais uma vez cumpriram seu objetivo, tanto na ascensão quanto no retorno à plataforma -foi a terceira vez (em quatro tentativas) que a empresa conseguiu recuperar o Super Heavy, como é chamado o primeiro estágio.

 

É o oitavo teste integrado daquele que é o maior e mais potente lançador já construído. Com 122 metros (contando os dois estágios), ele superou o Saturn V (responsável por levar a humanidade à Lua no século passado), tanto em altura como em empuxo.

E desta vez a empresa espera todos os objetivos que acabaram não sendo realizados no teste anterior, que terminou abruptamente em 16 de janeiro quando o segundo estágio explodiu sobre o mar do Caribe, minutos após o lançamento.

A investigação realizada pela SpaceX indicou que naquela ocasião houve vazamento de propelente numa estrutura interna do foguete entre o tanque de oxigênio líquido e a traseira que a empresa chama de “sótão”. Isso por sua vez causou incêndios que levaram os motores a desligarem, um a um, processo seguido pela perda de comunicação e a autodestruição do veículo.

A razão provável para esse problema foi uma vibração excessiva produzida por ressonância pelo acionamento dos motores, algo que não havia sido observado antes nos testes em solo. Para solucionar, a companhia realizou um teste estático de 60 segundos dos motores antes do voo, além de adicionar elementos para conter potenciais incêndios no sótão e reprogramar o modo de acendimento dos motores para evitar o padrão de ressonância que parece ter condenado o voo anterior.

Caso tudo dê certo, a SpaceX deve ficar mais próxima de poder realizar o primeiro voo orbital do veículo e usá-lo para colocar satélites em órbita. Por sinal, a mais recente autorização da FAA (agência que regula aviação civil e lançamentos comerciais de foguetes nos EUA) já prevê liberação para futuras missões orbitais.

O voo desta segunda, a exemplo dos anteriores, foi “quase orbital” -um trajeto suborbital que permite que o segundo estágio dê mais de meia volta ao redor do globo antes de reentrar na atmosfera, sobre o oceano Índico.

O QUE FALTAVA

Os planos da SpaceX para este voo são de realizar os testes que acabou impedida de fazer em janeiro: liberar no espaço quatro simulacros de satélites Starlink e realizar o rápido acendimento de um dos motores do segundo estágio, validando seu funcionamento -trata-se de um dos itens essenciais para o uso do Starship para lançamentos orbitais, mesmo sem pensar na reutilização do veículo.

O voo deve concluir com a reentrada atmosférica e um pouso no oceano Índico, apenas como teste da manobra, sem perspectiva de recuperação. A SpaceX espera demonstrar a capacidade de recuperar o segundo estágio ainda neste ano, além de realizar vários voos completos do superfoguete, ajudando a validar o veículo para operações comerciais.

O QUE VEM AÍ

Além de ser escalado para lançar satélites da constelação Starlink, o Starship já está contratado pela Nasa para levar astronautas à superfície da Lua na missão Artemis 3, marcada para 2027.

Há, contudo, suspeitas de que o programa possa ser reformulado pela administração Trump. Elon Musk, dono da SpaceX e braço-direito do presidente, vem sugerindo que a agência espacial deveria voltar suas atenções para Marte.

O Starship, por sinal, foi projetado e construído -antes mesmo de virar parte da arquitetura de exploração lunar da Nasa- para promover a colonização do planeta vermelho. Não é impossível que os planos privados de Musk se tornem política pública dos EUA nos próximos meses.

O mais certo é que veremos, nesse mesmo período, uma aceleração da frequência de voos do Starship. A FAA, que costuma jogar duro no licenciamento dos testes, foi notoriamente rápida para este oitavo voo, autorizando uma nova missão antes mesmo de terminar sua investigação sobre o lançamento anterior, que terminou em milhares de pedaços sobre as águas caribenhas.

Fonte: Noticias ao Minuto Read More

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